A perimenopausa é um período de transição que antecede a menopausa e pode trazer diversas mudanças para o corpo da mulher. Ondas de calor, alterações no ciclo menstrual, oscilações de humor e dificuldades para dormir são apenas alguns dos sintomas que podem impactar a qualidade de vida. Para esclarecer as principais dúvidas sobre essa fase e como lidar com os sintomas, Dr. Sérgio Conti Ribeiro, ginecologista e obstetra, explicará os desafios da perimenopausa e as melhores formas de enfrentá-la.

Dr. Sérgio, o que é a perimenopausa e quando ela começa a ocorrer?

Dr. Sérgio Conti Ribeiro: A perimenopausa é o período de transição para a menopausa, marcando o fim dos anos reprodutivos da mulher. Ela pode começar em diferentes idades, geralmente por volta dos 40 anos, mas algumas mulheres percebem sinais já a partir dos 35 anos. Durante essa fase, os níveis de estrogênio sobem e descem de maneira irregular, causando mudanças no ciclo menstrual e alguns sintomas semelhantes aos da menopausa.

Quais são os principais sintomas que as mulheres podem experimentar durante essa transição?

Dr. Sérgio Conti Ribeiro: Os sintomas variam de mulher para mulher, mas os mais comuns incluem:

– Irregularidade menstrual: os ciclos podem se tornar mais curtos ou mais longos, o fluxo pode variar e pode haver meses sem menstruação.

– Ondas de calor e problemas de sono: as ondas de calor são frequentes e podem impactar a qualidade do sono.

– Mudanças de humor: irritabilidade, oscilações emocionais e maior risco de depressão podem ocorrer, muitas vezes relacionadas às alterações hormonais e às dificuldades para dormir.

– Alteracões vaginais e urinárias: a diminuição do estrogênio pode causar ressecamento vaginal, dor durante a relação sexual e maior propensão a infecções urinárias.

– Diminuição da fertilidade: a ovulação torna-se irregular, dificultando a concepção, mas ainda é possível engravidar enquanto houver menstruação.

– Mudanças na função sexual: a libido pode ser afetada, mas muitas mulheres continuam a ter uma vida sexual satisfatória.

– Perda de massa óssea: a queda dos níveis de estrogênio acelera a perda óssea, aumentando o risco de osteoporose.

– Alterações no colesterol: há um aumento do colesterol LDL (“ruim”) e uma redução do HDL (“bom”), elevando o risco de doenças cardíacas.

Quando uma mulher deve procurar um médico por causa da perimenopausa?

Dr. Sérgio Conti Ribeiro: Algumas mulheres enfrentam esses sintomas sem grandes dificuldades, enquanto outras têm impactos significativos na qualidade de vida. Se sintomas como ondas de calor, alterações de humor ou desconforto na relação sexual estiverem prejudicando o bem-estar, é importante buscar ajuda médica.
Além disso, há sinais de alerta para procurar um especialista, como:

– Sangramento menstrual muito intenso ou prolongado.

– Períodos menstruais que ocorrem com menos de 21 dias de intervalo.

– Sangramento entre as menstruações.

Essas condições podem indicar outros problemas ginecológicos que precisam ser investigados.

Existem fatores de risco que podem antecipar a perimenopausa?

Dr. Sérgio Conti Ribeiro: Sim, alguns fatores podem levar a um início mais precoce da perimenopausa, como:

– Tabagismo: mulheres fumantes tendem a entrar na menopausa de um a dois anos mais cedo do que as não fumantes.

– Histórico familiar: se a mãe teve menopausa precoce, a filha pode ter um padrão semelhante.

– Tratamentos para câncer: quimioterapia e radioterapia pélvica podem acelerar a menopausa.

– Cirurgias ginecológicas, em especial aquelas realizadas para tratar cistos ou tumores benignos nos ovários podem levar a antecipação da menopausa

Quais são as opções de tratamento para os sintomas da perimenopausa?

Dr. Sérgio Conti Ribeiro: O tratamento varia conforme a intensidade dos sintomas e as condições de saúde da paciente. Algumas opções incluem:

– Terapia hormonal: indicada para casos mais severos, pode ajudar a aliviar ondas de calor, ressecamento vaginal e prevenir osteoporose.

– Modificações no estilo de vida: manter uma dieta equilibrada, praticar atividades físicas regularmente e reduzir o consumo de álcool e cafeína pode melhorar os sintomas.

– Tratamentos locais para secura vaginal: cremes e lubrificantes vaginais podem ser úteis para minimizar o desconforto. Eventualmente o uso do laser pode contribuir para uma melhora na qualidade das relações sexuais.

– Medicamentos alternativos: alguns antidepressivos de baixa dose ajudam no controle das ondas de calor e das oscilações de humor.

– Suplementação de cálcio e vitamina D: essenciais para a saúde óssea.

Para finalizar, qual é a melhor forma de encarar essa fase da vida?

Dr. Sérgio Conti Ribeiro: A perimenopausa é uma fase natural da vida da mulher. O mais importante é encarar esse período com informação e cuidados adequados. Buscar orientação médica, manter um estilo de vida saudável e entender que cada mulher tem uma experiência única são passos essenciais para atravessar essa transição da melhor forma possível.

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